Mães e a bolsa do Gato Félix: solução ou problema?
Ajeitando a bolsa do bebê para jantarmos percebi que após
pegar o básico, isto é, fralda, lenço e uma muda de roupa, começava a pegar
brinquedinhos para ele levar e se distrair.
Parei por um segundo e pensei: Não, não vou pegar. Ele
precisa aprender a se comportar em um restaurante.
O bebê é meu terceiro filho e, talvez por isso, eu não
tenha medo de experimentar novas ideias. Antes eu saía munida: brinquedo, giz
de cera, papel, enfim, tudo para ocupar as crianças enquanto comíamos. No
entanto, após observar uma das minhas filhas entretida com Ipad me fez ver que
perdemos momentos preciosos com essa mania de diversão egoísta, na qual nos
entretemos sozinhos. Em outras palavras: manter a criança calada para que eu
também me divirta.
Há sim momentos em que sair com a sacola parecendo a
bolsa do gato Félix salva a minha pele. Acredito que deva haver um balanço:
onde vou? Quanto tempo ficarei? As crianças terão como se divertir assim como
eu? O que posso providenciar para garantir a todos uma boa tarde de diversão?
Livros sobre como educar são febre entre pais
inexperientes e esse recente Bringing up
bébé (eu, com o tradutora detestei o título: Crianças francesas não fazem
manha) traz alguns insights interessantes a respeito da educação de bebês.
Embora eu não concorde com alguns aspectos, a leitura é válida. Também há esse
questionamento sobre nossa tradição de munir a crianças de brinquedos para se
distraírem em restaurantes.
Se por um lado é interessante optar por um restaurante
com playground, ensinar os filhos a se portarem na mesa é importante para eles,
para suas vidas. Cabe aos
pais saberem o que em cada momento pede.
Lembrei-me de uma bibliotecária que certa vez reclamou
dos alunos dizendo que não sabiam se comportar em “sua” Biblioteca. Na época eu
a corrigi: não é que não sabem. Não aprenderam. Nunca ninguém os ensinou. Deixar de
ir, como ela sugeriu, não é a melhor saída. Faltava-lhes o hábito e alguém
para ensinar e dar o exemplo. Ah, mas é cansativo, defendeu-se. Sim e ficará
ainda mais exaustivo se quem quer ensinar não souber demonstrar, isto é, se o ensinamento não fizer parte das ações dessa pessoa.
Ao escolher deixar brinquedos em casa, naquela noite
minha intenção maior não era apenas ensinar meu bebê a se comportar em um
restaurante, mas sim proporcionar a ele o prazer de comermos juntos
conversando. Esse momento sim é precioso.
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