CURRICULUM VITAE INFANTIL







Quando minha mais velha quis parar de dançar balé, fiquei triste, porque eu me arrependi de ter abandonado meu curso de balé. E eu me peguei querendo convencê-la a não “cometer o mesmo erro que eu” (!).  Depois caí em mim e vi que ela deve fazer o que a interessa. Claro que ensinar os filhos a terminar o que começam é importante, mas experimentar é enriquecedor.

Seja qual for o curso, sempre se encontra em São Paulo. Então, que nesse ano seja flamenco, no próximo handball e japonês. Diversificar trará juntamente com a experiência, a convivência com pessoas diferentes. E isso não só ajudará a criança a construir sua identidade como também a lidar com a diversidade.

Como lido com muitos pais acabo me comparando. No começo me sentia mal por não poder proporcionar mil cursos, mas depois pensei melhor e decidi. Permito a cada uma das minhas filhas apenas 2 cursos. Mais que isso é impossível não só pelo preço, mas pela logística.  Vejo mães motoristas e vivendo em função dos cursos dos filhos sem tempo de vivenciarem outras facetas de suas personalidades, isto é, são apenas mães.



Muitos dos pais matriculam os filhos em N atividades, pois precisam ocupa-los enquanto estão no trabalho. E realmente, antes com supervisão e desenvolvendo habilidades do que sozinhos. Outro motivo do exagero de cursos parte de pais muito focados em garantir um futuro de sucesso.  

O resultado sempre é uma rotina pesada. Muitas vezes as crianças não conseguem lidar com tanta informação. No fim do dia estão exaustos. Observo em  quase todos os alunos que têm uma vida puxada assim, cheia de compromissos, um olhar distante, uma sensação de perdidos e uma aparência cansada. Fazer de uma a três atividades extra é um número saudável, afinal, há ainda todo o estímulo da escola, mais que isso eu acredito ser excesso de informação.
Estou falando de crianças, mas nós também fazemos isso conosco. Ficamos ligados o tempo todo e conectados 24h. Cedo ou tarde, tenho notado, ficamos estressados ou temos um piripaque. Certa vez escutei a expressão “intoxicar de informação”.

Domenico De Masi já mencionou em o Ócio Criativo como o tempo livre é precioso até para ter ideias geniais. Ficar offline é necessário. É preciso desligar!
E a nós pais cabe aprender a relaxar, apreciar o ócio e ensinar nossos filhos a fazer o mesmo.  Isso também é algo a ser ensinado.




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