Sobre peixes e pássaros
"A
fish and a bird may indeed fall in love, but where shall they live?"
"Um peixe e um pássaro podem se apaixonar, mas onde podem viver?"
Ver Praia do Futuro (2014), de Karim Aïnouz, é deixar se questionar, se apaixonar e se
doer pelos dramas humanos. O instigante filme do cineasta cearense é denso,
frio e distante. Fala sobre os
intervalos, e suas distâncias, que separam as pessoas. Sobre o sentir
estrangeiro em si mesmo.
Simultaneamente,
busca a beleza na secura da paisagem, seja no excesso de luz de Fortaleza ou na
ausência de calor climático de Berlim.
Os sentimentos se misturam: a culpa, o erro, a ausência (ou falta), o abandono, a dificuldade de aceitação, a frustração, a cumplicidade, o não-enfrentamento.
Os sentimentos se misturam: a culpa, o erro, a ausência (ou falta), o abandono, a dificuldade de aceitação, a frustração, a cumplicidade, o não-enfrentamento.
Através de uma
fotografia ampla e bela pelos vazios (há momentos que notamos a semelhança com
a estética do artista americano Edward Hopper), ele trata da dificuldade
contemporânea entre a ambiguidade do desejo. O desejo de ser amado, da entrega
para o outro, da solidão presente na finitude da vida, da dicotomia entre a
vontade de ser preenchido e a liberdade sem amarras que existe em cada ser
humano contemporâneo. E que temos dificuldade de lidar.
Os personagens são pessoas na plenitude da sua essência.
Falham. Omitem. Amam.
Os personagens são pessoas na plenitude da sua essência.
Falham. Omitem. Amam.
E para que pudesse demonstrar toda essa inquietação
conseguiu dos três protagonistas atuações admiráveis. Clemens Schick,
extremamente expressivo nos olhares e nas pausas silenciosas. Jesuíta Barbosa,
surpreende nas explosões. E Wagner Moura está pleno em todos os sentidos. Sua
atuação é irrepreensível, provavelmente uma das suas melhores.
Tinha o hábito de brincar que não gostaria de ver mais filmes com Lázaro Ramos, Selton Melo e Wagner Moura.
Desculpe-me, Wagner, por favor.
Tinha o hábito de brincar que não gostaria de ver mais filmes com Lázaro Ramos, Selton Melo e Wagner Moura.
Desculpe-me, Wagner, por favor.
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