A vida em catálogo: pick what u want




- Mãe, por que as mães dessas meninas frescas não trabalham?

A pergunta trouxe à minha mente uma questão de valores e, principalmente meu próprio preconceito. Será que alguma vez verbalizei algo que a fizesse tirar essa conclusão ou ela apenas se baseou naquela menina específica? Ou os dois?

Num primeiro momento veio meu lado narcisista. Afinal, às vezes eu tenho muito orgulho, um orgulho idiota, admito, de ver que dou conta de filhos, carreira e marido. Uma vaidade besta que só serve para mim mesma.  Além disso, há um preço alto que pago ao querer ser completa. E um deles é sim frustração, pois essa completude não há.



A pergunta de minha filha, apesar de me ter feito rir na mesma hora, não apenas por validar um tipo de pensamento meu em relação às mães a quem ela se referia e por ser um afago à minha vaidade por perceber que minha filha consegue ser crítica e irônica fez com que tivéssemos, mais uma vez, a oportunidade de refletir sobre preconceito e tolerância.

- Cada um faz suas escolhas, filha. Cada um tem sua realidade. O que temos é que respeitar.

Aproveitei a oportunidade para retomar a questão das escolhas.

- Ninguém é só mau ou só bom. Ou só legal ou só chato. Você escolhe o que você quer ser e como quer fazer.
-  O ladrão escolhe ser ladrão, né mãe?
(pausa)
- Sim.. Você escolhe ser o que quiser e o mais importante é respeitar e tolerar o outro, o diferente, tá?
- Tá. Mãe, deixa eu assistir a esse filme?
Para ela o papo terminou.

Para mim o papo foi um tapa na minha cara. Falar de respeito à diversidade inclui diversidade de escolhas.


Afinal, como diz a canção: cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é. Cada um!


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