Um outro mundo é possível :: design social de sneakers




O sociólogo e designer Mario Pereira há 12 doze anos deu uma guinada na vida, revendo seus valores pessoais e profissionais, e tornou-se empreendedor social: que quer dizer empreender com resultados para a sociedade. Ele estruturou o Instituto Villaget, uma ONG localizada numa comunidade carente na cidade de Novo Hamburgo (RS) que desenvolve um projeto de design de sneakers.


Foto: Cristiano Carniel


A ONG, focada na capacitação para o mercado couro-calçadista da região, ensina um ofício (desenvolver calçados) a jovens na faixa etária de 14 anos e dá a eles uma nova perspectiva de vida. Já bastaria para ser muito bacana mas, vai além disso. O foco da capacitação está em estimular o empreendedorismo, formando profissionais que, no futuro, sejam capazes de gerar ainda mais oportunidades - de atividade e renda - para a comunidade. 

Foto: Cristiano Carniel 
Em 2010, uma geração egressa do Instituto que entendeu a essência que era empreendedorismo social, fundou uma cooperativa, a Cooperget, e desenvolveu um produto que gostaria de usar mas sentia falta no mercado: tênis para skatistas. Como disse o Mário: “afinal de contas, não conseguiríamos alcançar os jovens de periferia oferecendo sapatos sociais”. Assim nasceu a marca Villaget de tênis, mochilas e acessórios, que teve terreno muito propício para desenvolver sua proposta quando o movimento “street style”ou moda de rua ganhou corpo.

Foto: Cristiano Carniel 



Nos produtos, que têm uma pegada sportswear e cunho eco-social, utilizam tecidos e couros descartados da indústria calçadista da região e lona reciclada. Também produzem itens com algodão orgânico da Justa Trama, uma cooperativa do Ceará, e assinam de forma conjunta a coleção que traz a mensagem “UM OUTRO MUNDO É POSSÍVEL”. Não aceitam produzir como terceirizados e só o fazem se puderem assinar o produto junto com o parceiro de negócio. Isso porque a Villaget carrega consigo uma proposta e deseja disseminar seus valores. E é através deles que angariam consumidores e lojistas que comungam deste senso de missão, batalhando por um comércio mais justo e uma sociedade mais igualitária. Trata-se de uma empresa alinhada às tendências mais atuais de negócio que tratam de economia criativa, colaborativa e social. 


 

 






A próxima etapa é priorizar a perspectiva de futuro para as crianças entre 10 e 14 anos. Para tanto, estão desenvolvendo atividades lúdicas que visam identificar perfis empreendedores ainda na infância e catalisar este espírito que, segundo Mário, já existe nas vilas, ensinado pela vida: “Ainda crianças, elas catam latinhas. Precisamos é canalizar e profissionalizar esse espírito empreendedor, ensinando uma atividade econômica que efetivamente gere renda, porque ainda enfrentamos desafios relacionados a envolvimento com crime e abandono de escola”.

Foto: Cristiano Carniel
Mário defende que os moradores da comunidade podem nem ter acesso a faculdade mas isso não diminui o senso criativo. Com acesso à internet e informações disponibilizadas pelo Instituto, são capazes de absorver o que acontece no mundo e ir além, gerando novos conteúdos e novas estéticas, como parte atuante deste sistema”. E acredita que em breve “o bonito vai ser óbvio e o futuro será o design social” num contexto onde “as marcas alternativas serão a grande virada” e TODOS vão ganhar com a marca.



Para consumidores e lojistas que acreditam num outro mundo possível:
@villaget

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