Mulheres prolixas e a volta às aulas

Meu pequeno foi para o Colégio. Fiquei muito ansiosa, mais do que quando as meninas foram.  Talvez por ele ser o último bebê, talvez por ser meu único menino.

Há uma diferença imensa em ser mãe de meninas e mãe de meninos. Nós temos a tendência a mimar os meninos. “Freud explica!”- dizem.

Um fato interessante é que na sala do bebê todas as meninas já falam ao passo que os meninos ainda não.

- A minha diz: Mãe, senta, lê esse livro para mim.

- A minha pede: mamãe, água gelada.

Cara de pastel de todas as mães de meninos. Resolvi acalmar a reunião.

- Jura? O meu pega o livro, aponta e diz BLÁBLEJABICABEBERAES

Mães de meninos respirando aliviadas.

- O meu também. – uma a uma foram falando.

E então eu respirei aliviada.

Além da atenção que cada série exige, com as meninas houve a questão do social: quem estará na minha sala? Nenhuma das duas ficou 100% feliz. 

Não acho que eu deva interferir sempre, mas alguma interferência nós pais podemos fazer: preferência pela professora, por algum coleguinha específico, mas nunca ficará perfeito. E talvez não deva ficar. Porque lidar com o diferente é, antes de tudo, um exercício de cidadania.

Não é sempre que trabalharão ao lado de pessoas que têm afinidade; nem sempre o melhor é trabalhar com os melhores amigos. Sempre haverá pessoas diferentes, pessoas chatas e pessoas dominadoras.  Conviver com pessoas diferentes é extremamente enriquecedor para o futuro, mas talvez a parte mais difícil seja a construção da identidade. Não se deixar influenciar, serem elas mesmas depois de começaram a descobrir quem são.

- Filha, você pode ser amiga dela. Deve, mas deve ser você mesma.

- Mas ela me manda fazer....

- Mas se no seu coração você sentir que o que ela pede não está certo, não faça.

E então bati na tecla do “nunca fazer com os outros...” etc etc etc.

Não vi confusão assim com os meninos. Para eles me parece que voltar à escola é o mais importante.

Food for thought.