A lei da selva e as leoas enxeridas :: mãe perfeita existe?
A máxima de “quando nasce um bebê, nasce uma mãe!” é verdadeira. Porém o bebê nasceu e ninguém espera que um bebê seja algo além de um bebê. As mães, ao contrário, têm que se virar e aprender muito rápido a serem mães perfeitas. De repente sua rotina muda absurdamente sem ao menos você ter feito estágio ou test drive. É exigido que não erremos.
Uma vez deixei meu bebê cair porque caí no sono com ele no
colo. Quase fui crucificada. Mas ao que parece, a pele do bebê é revestida por
um air bag. Todos aqui caíram ou bateram a cabeça e ninguém teve amnésia ou
algo parecido.
Não bastasse a loucura de aprender a lidar com aquele ser
que passa esse início grudado em você + os banhos de leite que tomamos por
conta das conchas + peito que fica só o pó + barriga molenga e vazia + peito
que jorra leite + choros + a sensação de que nunca mais irá dormir na vida
ainda pensamos se estamos errando ou acertando na educação, afinal, começa-se
desde cedo.
Muitas vezes me pergunto se estou errando ou acertando. E
como toda mãe recebo críticas e sugestões constantemente. A solução é saber filtrar o que se escuta e
respirar fundo.
Quando minha filha mais velha nasceu eu quase morri. Sério! Um mês
internada. De fato eu achei que não
sobreviveria para poder ver minha filha crescer. E essa sensação de morte e o
fato de eu não ter conseguido cuidar dela nesse primeiro mês de vida me mostrou
uma série de coisas e fez com que eu mudasse em muitos aspectos.
Depois de tudo eu comecei a preparar minhas filhas a se virarem
sem mim. Relapsa, desatenta, preguiçosa são adjetivos leves comparados aos que
já escutei. E, como eu disse antes, a incerteza de estar ou não fazendo um bom
trabalho sempre me acompanha.
Sei que muitas vezes eu as exponho à informações do mundo "dos adultos", que devo exagerar na severidade em alguns aspectos e que
lhes dou muita responsabilidade. Quero que aprendam a ter olhar crítico desde
muito cedo e a ir atrás do que querem sem que eu tenha que interferir.
Se por um lado eu sinto que há uma pequena perda da
inocência, por outro minhas filhas estão treinadas para buscar e oferecer ajuda
e até chegarem em casa se acaso se perderem. Sabem onde moram, telefone,
endereço etc. Se querem algo, pedem diretamente à pessoa. Eu poderia listar suas
habilidades como toda boa mãe coruja.
E hoje, quando eu e o bebê acordamos tarde e eu vi minhas
meninas colocando a mesa do café da manhã sem se esquecerem de nada tudo isso
veio à minha mente. Eu me senti uma boa mãe. Eu estava destruída por ter ficado
trabalhando até altas horas e mal conseguia abrir os olhos.
A graça e o amor com que dispunham aquela mesa farta com um
café-da-manhã digno de hotel me emocionou e me surpreendeu. ...e abriu meu
apetite.... Acordaram com fome e como sabem que as refeições são como um ritual
para mim, decidiram fazer por mim o que sempre faço.
- Não bebê. Não desce. Eu vou colocar meia no seu pé. - disse uma
- Bom dia, mãe. Bom dia bebê. – veio dizendo a outra tirando
o bebê da cama e o ajudando a subir no cadeirão.
Errando ou acertando? Se por um lado eu me senti super mãe e
as achei super descoladas e desenvoltas por outro me senti muuito preguiçosa e
folgada. Sinceramente? É tudo isso ao mesmo tempo!
Certa vez respondi para uma mãe entrona no maior tom de
sarcasmo:
- Ah, é. Pois é graças à minha negligência que elas são
assim.
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