fugere urben | na minha boca o gosto da boca de capitú
Fazia tempo que f a n z i n e u r b a n o não postava algo em viagens metafísicas. Adoro esse chapéu de nosso projeto editorial, mas ele exige uma real viagem metafísica. Nesse feriado fui para Lá Longe. Local que costumava passar quase todas as férias e finais de semana durante minha adolescência. Quinze anos depois resolvi olhar para Lá Longe com o olhar de um balzaquiano e fazer um cruzamento entre o filtro dos 15 e o filtro dos 30. Posso dividir parte da minha viagem com vocês, compartilho algumas imagens digitais e conclusões baratas...
A primeira coisa que percebi é que o passado fica no passado e pronto. E ponto! Nós urbanóides ainda não temos o domínio sobre a possível – e existente - curva no tempo e espaço. Acreditamos tanto na materialidade do presente que não extrapolamos a linha tênue que nos separa do passado e do futuro... Mas esse papo está resvalando demais na física quântica...
Voltemos ao roteiro, às imagens digitais e conclusões baratas...
Sozinho fiz o caminho de 15 anos, meu Caminho de Santiago. Abaixo singelas e mal escritas anotações de moleskine digital:
+ ninguém mais aprende a andar de bike na rua que eu, meus primos, minhas primas e minha primeira namorada aprendemos... Tenho uma amiga que costuma dizer que tudo nessa vida tem um prazo de validade, acho que esse foi o caso dessa rua, dos meus primos, primas e invariavelmente minha namorada – nada pessoal gata, você continua linda, mas minha pegada agora é outra...
+ as árvores que costumávamos encostar as bikes para um breve descanso antes de voltar pra jogação foram cortadas... Descobri que elas ficaram velhas, doentes, podres... Tudo nessa vida um dia se estraga, fede, degrada ou decompõe, né não? Começo a perceber que realmente tudo tem um prazo de validade.
+ o Lago dos Fundos secou... Hoje não passa de um riacho com menos de 20 cm de profundidade em um leito quase ridículo de um metro de largura... Por conseqüência a cachoeira também secou.
Mas sobre o lago... Ah... O lago merece um aposto. Àquelas margens rolava uma deliciosa pegação adolescente. Com direito a esquema de segurança e tudo mais. Na verdade era esse lago que segurava a onda da molecada. Muito beijo na boca. Trilha pra cachoeira e mais beijo na boca, piquenique e beijo na boca, rolé de bike e beijo na boca outra vez. Cresci beijando na boca. Era tudo incrivelmente simples há quinze anos: ou estávamos andando de bike ou beijando na boca! Parafraseando Rita Lee Jones: “eu era feliz e sabia”, ah... sabia mesmo.
Nada me limita, nada me represa, nada me detém. Transbordo, encharco e fertilizo tudo ao redor.
adorei o post...momento nostalgia
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