arte como questão | dito e feito

Sem saber o que fazer, coloquei a arte na pauta do dia. Nenhuma ressaca para curar. Então era melhor colocar a cabeça para funcionar. Instituto Tomie Ohtake, de difícil acesso. Mas não tinha mesmo nenhuma ressaca para curar. E ainda por cima uma ótima pessoinha para me acompanhar.

A mostra "Anos 70 - Arte como Questão", faz parte de um projeto patrocinado pela Petrobras e que fecha o ciclo de quatro mostras que pretendeu pincelar meio século de arte brasileira. Já teve "Pincelada, Pintura e Método - Projeções da Década de 50", "Geração da Virada" e "80/90 Modernos, Pós-Modernos etc". Ufa! Não, não tive coragem de ver todas.

Cerca de 100 artistas foram selecionados pela curadoria de Glória Ferreira. Confesso que este número me dá um pouco de medo. Nunca consegui me relacionar com estas grandes coletivas. Sempre tento coletar o máximo de informação, mas quando saio, na primeira esquina, tenho a sensação que elas vão se descolando do meu corpo e descendo pelas bocas de lobo. Por mais que me esforce e tente catá-las, acabo sempre com apenas uma ou duas imagens na cabeça. Nem me venha falar de Bienal!! Mas sei que o intuito da mostra é dar uma idéia geral do que se produziu nos anos 70, quando a arte passou a ser conceitual, e não mostrar o trabalho de um artista. Então, fui aos cento e poucos...sem armaduras e com pinturas, fotografias, instalações, produções editoriais...

Entre artistas bem conhecidinhos do publico, como Lygia Clarck, Hélio Oiticica, Carmela Gross, Lygia Pape, Miguel Rio Branco e alguns tantos outros que volta e meia estão se exibindo em galerias e espaços por ai (que sim, eu gosto – tirando o Rio Branco), a "Anos 70" se destaca por trazer outros que dificilmente são vistos e que – confesso - não conhecia. É o caso de Paulo Roberto Leal, que está com um quadro em que trabalha caminhos e formas com linhas de costura que às vezes se rompem. Bem minimalista. Quase sinético. Bem agressivo em sua sutilidade. Muito a ver com a vida dele.


Em meio a tantas repetições (agradáveis), muitas "novidades".

E a "Anos 70" também é táctil. Sim sim, na parte editorial podemos tocar, mexer, folhear e ler as revistas e folhetos produzidos na época, como a "Saco" e "Carimbada" – que usaram e abusaram do xerox, carimbo, mimeógrafo... (xiii, será que podia falar disto aqui?!!).

No final, cabeça quente de tanta informação e a sensação de que tudo já foi dito e feito. Mas se procurar, vai encontrar lá por perto um café que serve um bom waflle com sorvete e com um detalhe na parede que lhe respondera esta questão. A mim, não interessou, mas quem sabe?








"Anos 70 – Arte Como Questão"
Instituto Tomie Ohtake – até 28 de outubro

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